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Terrifier 3 | Crítica Sem Spoilers

Em Terrifier 3, um slasher natalino fora de época, o diretor Damien Leone tenta prestar homenagens aos ícones de terror dos anos 80 e 90 e às intermináveis continuações. Leone não desperdiça uma oportunidade de transformar objetos natalinos em armas e destroçar qualquer simbolismo do Natal, nos trazendo o típico banho de sangue que é a assinatura da franquia. Agora, vestido de Papai Noel, o silencioso psicopata Art o Palhaço, David Howard Thornton adiciona uma nova camada à sua marca registrada de mutilações.



Terrifier 3 emula o segundo filme, para o bem e para o mal, desenvolve mortes cada vez mais brutais (já esperado), mas perde o controle na história (Também esperado). Lauren LaVera está de volta como a Final Girl, Sienna Shaw, "A Escolhida" sendo a única destinada a derrotar Art. Ela é assombrada pelos horrores do filme anterior e obcecada pela sua missão de destruir o vilão maquiado, algo que Leone trata com um nada sutil “Vamos ver pra onde vai”. Sienna ainda leva Art direto para a casa do tio Greg (Bryce Johnson), da tia Jessica (Margaret Anne Florence) e da pequena prima Gaby (Antonella Rose), porque o que seria de uma chacina sem inocentes para sacrificar?



E há também a sobrevivente Victoria “Vicky” Heyes (Samantha Scaffidi), que deu à luz a cabeça decepada de Art nos pós-créditos de Terrifier 2. Em Terrifier 3, Art e Vicky formam uma dupla bizarra uma versão diabólica de Mickey e Mallory Knox de Assassinos por Natureza, e este filme é tanto deles quanto de Sienna. Leone alterna entre a estranha relação possessuidor-possuído de Art e Vicky e a frágil sanidade de Sienna, o que deixa espaço para Art brilhar em sua glória com seu humor macabro, como se Jim Carrey utilizasse a máscara de Michal Myers de Halloween. Mas, como no filme anterior, Leone não se preocupou em nada além de seus efeitos práticos , desenvolvendo uma narrativa bagunçada em filme longo de duas horas. Na 3ª parte, ele mistura simbolismos religiosos, estigmas, flashbacks, a obsessão de Art  pelo natal, uma podcaster fã de true crime, o fascínio de Vicky pelo palhaço que desfigurou seu rosto no primeiro filme, e assim por diante.



Uma coisa não se pode negar, os efeitos práticos das mutilações de Terrifier 3 são de longe a melhor coisa do filme. Contagiado pelo espírito natalino, Art utiliza ornamentos natalinos como improváveis armas para propagar a carnificina deixando o filme ainda mais cômico. Mas Art ainda recorre ao seu arsenal clássico – serras elétricas, facas e até armas de fogo deixando pelo caminho cenas brutais de peles arrancadas, mandíbulas deslocadas e até genitais mutiladas. A grande façanha aqui é que tudo parece elevado a máxima potência de violência e tenta ultrapassar todos limites, novamente é onde o filme aparenta somente se focar.


Thornton interpretando Art vestido de papai-noel é a melhor coisa que o ator já fez na franquia. Cada gesto é uma aula de humor mórbido, onde alguns espectadores podem se sentir incomodados, outros irão se divertir com seus trejeitos.



A coerência na trama é atropelada sempre que Leone joga os personagens em uma batalha entre o bem supremo e o mal absoluto. O roteiro é uma montanha-russa, Art uma hora aprisiona os personagens principais, outra desaparece e reaparece como se nada tivesse acontecido. Mesmo com 120 minutos, o criador parece não conseguir evoluir Art, Vicky, Sienna ou o irritante irmão dela, Jonathan (Elliot Fullam), de forma satisfatória. Há algumas reviravoltas, mas ficamos amontoados com uma sequência de mutilações excepcionais, mas com uma narrativa que não consegue se encontrar.



A franquia caótica de Damien Leone acerta no quesito de violência gratuita numa série de assassinatos muitas vezes chegando dar um certo embrulho no estomago. Mas, diferente de Terrifier 2, está sequência conseguiu me entreter mais, mesmo sendo uma história cheia de ideias desconectadas que nunca se unem. O filme acerta em cheio nos efeitos práticos e no fator gore, mas o que mais gostei foram as cenas comicas, levando o termo terrir a outro nível, nunca me diverti tanto em um filme com essa premissa, o próprio Art não se leva a sério. Há cenas que o egocentrismo do palhaço assassino acabam virando tão ridículas que ficaram ótimas.



No fim, não dá para rotular Terrifier 3 como terror propriamente dito, e nem fazer o comparativo com as obras do gênero lançadas este ano, mesmo com uma proposta diferente. A partir do momento que o espectador chegar à esta conclusão, é só aproveitar o filme como uma comédia com elementos de horror. Deve ser por isso que gostei mais do que esperava.

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