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Os Estranhos: Capítulo 1 | Crítica com spoilers



"Um jovem casal, Jeff e Maya, decide viajar de carro juntos e após algum tempo de trajeto, param numa pequena cidade no Oregon para uma refeição. Entretanto, após notarem que o carro não funcionava, os dois se viram obrigados a passar a noite juntos em uma casa alugada perto da floresta até poderem seguir viagem no dia seguinte. Porém, durante o jantar, eles percebem que não estavam sozinhos na casa e começam a ser perseguidos".


Com uma típica premissa de um filme de terror, assim começa o filme Os Estranhos: Capítulo 1, o qual tinha um potencial para construir uma história mais envolvente, mas se perdeu no clichê do gênero e pecou em muitos outros quesitos.


Infelizmente, não são muitos filmes de terror que surpreendam hoje em dia, de forma que não há mais diretores que consigam criar o verdadeiro clima de horror e suspense — salve algumas exceções —, sabendo dosar momentos mais calmos e outros que tragam uma real aflição. Dito isto, o diretor Renny Harlin decepcionou bastante, uma vez que boa parte do filme ele optou por filmar cenas em primeiro plano, ou seja, os quadros que se via focavam mais entre a altura do peito do personagem e o seu rosto, onde é possível acompanhar algumas expressões e ainda assim ver o ambiente.



Esse tipo de ângulo serve para ver como o personagem se comporta na cena, seja em um momento de alegria ou tristeza, mas também também exerce o aumento de tensão, pois sempre que a câmera se aproxima mais do ator, focando cada vez mais nele, pode criar uma sensação de claustrofobia, além também de provocar agonia, já que, em um filme de terror, é esperado que o espectador se sinta assim de acordo com a cena.


Essas cenas em primeiro plano ocorreram boa parte do tempo, enquanto os protagonistas Maya (Madelaine Petsch) e Jeff (Ryan Bown) estavam dentro da casa alugada, então era possível imaginar que a câmera tão próxima servia para mostrar que o casal era como um refém naquela situação, uma vez que estavam em um lugar desconhecido, afastado da cidade e com três psicopatas observando-os. Mas, como já dito, Renny decide usar muitas cenas com esse enquadramento, o que acaba ficando excessivo e, em vez de causar medo, cria um cansaço para quem assiste.


Porém, nem sempre o diretor errou, ao meu ver, pois, de maneira sutil, antes dos conflitos começarem, sempre que Maya e Jeff estavam juntos, a câmera focava de modo diferente em cada um. Quando eles estão conversando no pequeno restaurante da cidade, a câmera mostra Jeff de lado, um pouco mais isolado, enquanto Maya tinha alguém de fundo.



Outro ponto era que, durante uma conversa entre os dois no chalé, o ângulo da câmera que mostrava a garota estava no nível do olho. Todavia, ao mostrar o jovem, ela estava um pouco inclinada, vista de baixo, o que pode signficar que Maya o vê com um pouco de superioridade e se sinta mais acolhida, mas também cria uma leve confusão, como se o rapaz estivesse mais deslocado da história em questão de como seria perseguido por aquelas pessoas por todo o filme.



Não creio que isso foi uma coincidência, já que, em alguns momentos, Maya estava sempre fugindo e se escondendo, buscando sobreviver; já Jeff dava o passo para resolver o problema, tanto que ele quem a salva de um enforcamento com uma espingarda e, depois quando bateram o carro, ele ficou com a perna presa. Assim, pede a Maya para correr e deixá-lo para trás. Além de tudo isso, Maya é a única que sobrevive no final, ao menos, pelo que o filme mostra, quando acorda no hospital sozinha após ser resgatda pela polícia. Concluindo este ponto, por mais que essa ideia de filmar o casal de diferentes maneiras tenha sido boa, ela rolou umas duas ou três vezes durante o filme, enquanto o uso constante do primeiro plano atrapalhou a direção.


Em relação ao elenco, ele não é vasto e são poucas as cenas dos coadjuvantes, que mostraram nada demais e pareciam até mesmo caricatos. Ao menos, os protagonistas, vividos por Madelaine Petsch e Ryan Bown, conseguem segurar o filme. A atriz é mais conhecida pelo seu papel em Riverdale como Cheryl Blossom, enquanto o ator interpretou Nathan na série Everything I Know About Love. Os dois formam um bom casal, passando uma sensação de companheirismo válida, porém o roteiro elaborado por Bryan Bertino, Alan R. Cohen e Alan Freedland, não ajuda muito, com diálogos simples que resultam em conversas padronizadas.



Fora que, creio que o roteiro perdeu uma boa oportunidade de aprofundar mais a relação de Maya e Jeff, pois é dito que eles namoram há 5 anos e nunca houve um pedido de casamento. Mas em um breve diálogo, ele pergunta sobre o interesse dela, que diz que sim, apenas tinha negado a chance de se casarem no começo do namoro. E nada mais surge disso, apenas quando eles estão amarrados no final, prestes a morrerem e Jeff a pede em casamento.


Os Estranhos: Capítulo 1 já sugere uma continuação pelo seu título, então poderiam estender mais a história e desenvolver mais os protagonistas, já que apenas será possível ver sua resolução no próximo lançamento. Infelizmente, por conta disso, o longa é mais uma história de um casal sendo perseguido por psicopatas e falhando em simpatizar de verdade com o espectador.


E quando o filme não poderia mais entrar no clichê, a trilha sonora também entra nesse quesito. É através do som que o medo é realmente construído, pois, exatamente por não vermos, a trilha pode evocar uma sensação de tensão e medo em quem assiste. Mas o que se acaba ouvindo muitas vezes é um som que começa agudo e vai aumentando aos poucos para incomodar, algo que toda produção de horror faz. Em vez de surpreender e criar algo assustador, a trilha parece mais um compilado de sons que foi encontrada na internet e adicionada no filme.



Os Estranhos: Capítulo 1, apesar do título, não é o primeiro da franquia, onde, em 2008, foi lançado Os Estranhos e, em 2018, Os Estranhos: Caçada Noturn", porém eles não são continuação um do outro e sim remakes. Todos eles foram roteirizados por Bryan Bertino, que chegou a dirigir o primeiro filme, mas mesmo sendo familiar com a saga, não conseguiu desenvolver uma história que traga medo nem fazer com que o espectador criasse laços com seus personagens, produzindo mais um filme de terror ruim. Em vista disso, a única nota viável para o filme é:




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