O prequel de Estrada da Fúria está entre nós! Mas será que conseguiu superar seu antecessor?
Estrada da Fúria trouxe a franquia Mad Max de volta à vida com doses concentradas de perseguições, explosões e muita adrenalina, arrancadas diretamente da mente distorcida do diretor George Miller. O filme apresentou Max mais como uma ideia do que como um homem, criando assim espaço para uma das novas personagens mais fascinantes da franquia se destacar.
Furiosa: Uma Saga Mad Max, o prequel de Estrada da Fúria da Warner Bros, tenta um tipo semelhante de mistificação ao voltar no tempo para um ponto em que ainda existia verde em Wasteland. Comparado ao frenético e empolgante Estrada da Fúria, Furiosa: Uma Saga Mad Max possui uma visão mais simplista da humanidade lutando para sobreviver. No entanto, O novo filme parece focar demais na personagem principal como ponto central da história, em vez de mostrá-la como alguém realmente habilidosa que faz as coisas acontecerem na trama.
Enquanto os filmes anteriores de Mad Max começavam instantaneamente, mostrando um futuro devastado pela guerra, O filme narra toda a juventude de Furiosa (Alyla Browne em flashbacks e Anya Taylor-Joy no presente), uma das últimas pessoas a saber o que foi crescer no lendário Lugar Verde de Muitas Mães. Furiosa é apenas uma das muitas crianças que prosperaram no Lugar Verde graças à sua abundância natural e relativa reclusão do traiçoeiro deserto australiano. Mas, apesar de toda a segurança que Furiosa sente em seus primeiros anos, ela também tem plena consciência de quão frágil é essa segurança.
Ao iniciar Furiosa: Uma Saga Mad Max no Lugar Verde e deixá-lo em primeiro plano como o ambiente inicial que moldou a personagem, Miller estabelece desde o começo o quanto está interessado em usar este filme para ilustrar por quanto tempo a personagem consegue ser ela mesma. Enquanto Furiosa é arrancada de sua casa e escravizada pelo sádico senhor da guerra Dementus (Chris Hemsworth), o filme mostra como a vida no deserto pode transformar as pessoas em seu eu mais monstruoso. Mas as memórias de Furiosa do Lugar Verde e seu impacto na forma como ela vê o mundo são parte do que a torna tão adequada para lidar com os horrores que virão pela frente.
Enquanto Estrada da Fúria muitas vezes parecia um sonho lúcido encharcado de gasolina e fumaça, riffs de guitarra e lança-chamas, Furiosa: Uma Saga Mad Max se desenrola muito mais como uma peça contada em atos que vão moldando como Furiosa se tornou a guerreira que vemos em no filme anterior. Miller e o co-roteirista Nico Lathouris enfatizam a importância das habilidades de Furiosa à medida que o filme dá corpo ao elenco dos carniçais que servem à Dementus.
É até cômico ver mais do mundo distópico de Mad Max da perspectiva da gangue de Dementus - um bando de motociclistas maníacos que frequentemente se voltam uns contra os outros as vezes por necessidade e as vezes sem nenhuma razão aparente.
Embora Furiosa não consiga perceber isso inicialmente, há uma diferença distinta entre as culturas da horda de Dementus e a da Cidadela, onde Immortan Joe (Lachy Hulme) governa seus fanáticos Garotos de Guerra e os executores como Praetorian Jack (Tom Burke). Em Praetorian Jack, você consegue ver traços da personalidade de Max Rockatansky de Tom Hardy, criando uma ponte narrativa para a história mais ampla que Miller vem contando nos dois últimos filmes da franquia. Mas a partir do momento em que Furiosa conhece Dementus, você pode quase pode sentir Miller e Lathouris brigando para definir que tipo de presença eles querem que seu rei motociclista louco vivido por Hemsworth tenha.
Semelhante à Immortan Joe, Dementus é outra fonte de masculinidade crua, cujos os trejeitos cartunescos contrastam com sua sede de sangue e propensão à tortura e violência. Através de um rosto cheio de próteses que mais distraem do que transformam, Hemsworth tenta dar vida a Dementus com uma energia que parece desequilibrada, mas tende a pender para a loucura. Dementus as vezes parece um personagem costurado a partir de ideias que sobraram do personagem de Immortan Joe.
As sequências de ação de Furiosa: Uma Saga Mad Max, perseguições pelo deserto e batalhas em lugares como Gas Town, rica em petróleo, parecem menores em comparação com Estrada da Fúria, mas de uma forma que realmente ajuda o filme a estabelecer sua própria identidade.
A escala das sequências e a forma como as cenas de carnificina explícita são ofuscadas por nuvens de fumaça e areia quase fazem parecer que Miller está lembrando a você o quanto as coisas se tornarão mais terríveis para Furiosa no futuro. Mas a determinação inabalável com que Furiosa de Taylor-Joy mostra no 3º ato do filme é fascinante, pelo menos nos momentos em que o filme permite que ela seja a estrela, em vez da pessoa que é forçada a resolver a situação quando os homens ao seu redor não conseguem.
Apesar de conter todos os elementos de Estrada da Fúria, Furiosa: Uma Saga Mad Max se destaca em pontos mais reflexivos e no desenvolvimento mais equilibrado de todos os personagens novos e os já estabelecidos, no entanto não deixei de ficar um pouco decepcionado quando o coloco lado a lado com seu antecessor e suas cenas de ação frenéticas e sua narrativa vertiginosa. O filme com certeza vai deixar sua marca no cinema de ação, e não duvido que será um sucesso nas bilheterias em 2024. Porém Mad Max: Estrada da Fúria de 2015 é um filme que mudou a indústria, e na minha opinião um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. A barra estava realmente muito alta.
Furiosa: Uma Saga Mad Max se encontra em cartaz em todos os cinemas da rede Cinesystem.
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