A primeira coisa que pode vir à mente de quem lê o título do filme — e que não está familiarizado com o enredo que a sinopse forneceu — é muito corrida em alta velocidade. E, de certa forma, isso até tem no filme, mas com certeza está longe de ser o foco da trama protagonizada por Matt Damon e Christian Bale. O filme, brilhantemente dirigido por James Mangold, tem como objetivo mostrar todos os detalhes da interessante história que levou Henry Ford II a contratar Carroll Shelby e Ken Miles para projetar e dirigir um carro que batesse de frente com a grande Ferrari, de Enzo Ferrari, no desafio das 24 horas de Le Mans em 1966.
Mas quando a Ford tenta um acordo de compra com a Ferrari tudo sai errado, e Henry Ford II (Tracy Letts) se sente humilhado, surge a ideia de bater de frente com a marca italiana mais consagrada, lembrando Henry a criar uma nova equipe de engenheiros e pilotos, prontos para criar o carro mais veloz e resistente, capaz de durar as 24 horas da prova de Le Mans.
E é aí que Carroll Shelby (Matt Damon) entre na história. Ele já havia vencido Le mans em 1959, pilotando um Aston Martin DBR1/300, mas já estava aposentado das corridas. Porém, ele era um homem que entendia de carros e um empreendedor nato, além de um homem muito carismático — algo muito bom para os negócios, se levarmos em conta que tudo não passa de propaganda.
E seguindo esta premissa, temos um filme que deixa a corrida em segundo plano, trabalhando a estranha relação, mas cheia de companheirismo de Shelby e Miles, com direito a brigas que só amigos de longa data podem ter sem perder a amizade. A química entre Damon e Bale é algo que faz o expectador comprar a ideia de que são dois grandes amigos ali.
O elenco também possui outros dois pontos positivos: Caitriona Balfe e Noah Jupe. Balfe é a esposa de Miles, que mesmo fazendo o papel de dona de casa, mostra muito firmeza em suas decisões e possui uma voz ativa perante as decisões do marido — talvez possamos dizer que ela sempre tem a palavra final do relacionamento, não por ser mandona, mas por ser voz da razão —. E Jupe faz o papel do filho empenhado, que adota as paixões do pai para si, vibrando a cada passo e vitória de seu pai.
Deixando de lado os atores que movem a trama, vamos falar do roteiro. De fato, aqui temos um roteiro bem trabalhando, que não deixa pontas soltas e questionamentos; até porque não é o tipo de filme que permite isso. Mas, em alguns momentos, ele carece de mais detalhes. Porém, isso não chega a ser um problema no final das contas, quando são apresentadas as jogadas administrativas que complicam a vida de Shelby, pois o marketing fala mais alto em alguns momento.
Mais um ponto positivo do filme é a fotografia, onde muitos momentos em que o roteiro deveria passar um senso de urgência, a fotografia consegue compensar isso, transmitindo esse senso e criando a tensão necessária. E sim, mesmo com poucas corridas — afinal, elas estão em segundo plano —, elas conseguem ser emocionantes (graças à fotografia e aos atores envolvidos).
Por fim, Ford vs Ferrari é um filme que possui alma própria, com muita coisa a ser dita ao espectador, transmitindo toda a urgência por resultado e velocidade que seus personagens buscam, até utilizando de artifícios que resgatam o sentimento daqueles que acompanhavam as corrida aos domingos pela manhã. E, além disso tudo, deixa no ar um sentimento de que uma guerra estava sendo travada entre Ford e Ferrari. Sem dúvida é um filme para ser visto nos cinemas!
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