Um filme da Marvel que nem parece da Marvel. Vamos lá, eu explico.
Primeiramente, o enredo básico de Eternos é o seguinte: por milhares de anos, uma equipe de super-heróis imortais tem vivido em segredo entre os humanos aqui na Terra. Enviados pelos celestiais, seres colossais semelhantes a deuses, para ajudar a nutrir a humanidade e protegê-los dos vilões, os temíveis Deviantes. Os Eternos passaram séculos escondidos entre os humanos, e seus feitos épicos são confundidos com deuses mitológicos. Mas, como o filme explica, os Eternos só tinham permissão de proteger a humanidade dos Deviantes, e isso explica a ausência do grupo em vários pontos da história humana, como por exemplo a primeira e segunda guerra mundial, a luta contra o Thanos, entre outros acontecimentos.
A equipe central é composta por dez personagens principais, cada um com seus próprios poderes especiais: Sersi (Gemma Chan), que pode transmutar objetos em diferentes elementos; Ikaris (Richard Madden), que basicamente é um superman marvetizado com poder de vôo e olhos de laser; Kingo (Kumail Nanjiani), que pode disparar rajadas de energia de suas mãos; Sprite (Lia McHugh), que pode lançar ilusões; Phastos (Brian Tyree Henry), inventor e ferreiro sobre-humano; Makkari (Lauren Ridloff), que tem supervelocidade; Druig (Barry Keoghan), que possui poderes de controle mental; Gilgamesh (Don Lee) que possui uma super-força absurda, e Thena (Angelina Jolie), uma poderosa guerreira que pode invocar constructos de vários tipos de armas do nada. Liderando o grupo está Ajak (Salma Hayek), o “Eterno Primário”, que possui poderes de cura além de poder contactar o celestial Arishem (O Juiz), como uma espécie de sacerdotisa, uma mãe para o resto dos Eternos.
Ufa! pareceu um monte de coisa já não é? Mas é isto mesmo! O longa faz o seu melhor para apresentar os dez personagens, junto com seus relacionamentos, poderes e objetivos, mas ainda assim, é muita história de fundo para enfiar em um filme de mais de duas horas e meia (Isso o torna o segundo filme do UCM mais longo até agora, perdendo apenas para Vingadores: Ultimato). Por padrão, alguns dos Eternos são personagens mais "principais" do que outros: Sersi e Ikaris têm muito tempo de tela para discutir seu relacionamento, enquanto Phastos e Makkari são efetivamente personagens secundários. Kingo de Nanjiani faz o melhor para roubar o show, e rouba bem! Além de soltar suas rajadas cósmicas em posições que homenageiam animes como Yu Yu Hakusho e Dragon Ball. Sim, temos Kamehameha no filme! Kingo passou seus séculos na Terra construindo uma dinastia de Bollywood, ainda assim seu personagem é muito marginalizado em favor dos personagens mais centrais.
Não é que os filmes da Marvel não possam lidar com tantos personagens. Os filmes dos Vingadores, ou até mesmo dos Guardiões da Galáxia, são testamentos do talento do estúdio em juntar dezenas de heróis de forma coerente em um único filme. Mas Eternos tem uma batalha bem difícil, começando com o fato de que estamos conhecendo todos esses personagens pela primeira vez, apesar dos mais de 20 filmes da Marvel.
Tudo isso estaria caminhando bem no roteiro se os Eternos estivessem realmente fazendo coisas interessantes. Mas a primeira metade do filme consiste principalmente em nos mostrar como os heróis se separaram há 6.500 anos após sua missão de caçar os deviantes e uma sequência pra reunir a equipe de volta um a um, para lutar novamente contra a ameaça ressurgente dos vilões.
Apesar de algumas falhas no ritmo da narrativa, Eternals é um filme lindo, gigante, de encher os olhos, muito bem dirigido. A insistência da diretora Chloé Zhao em filmar grande parte do filme em locações reais, em vez dos conjuntos de telas verdes característicos do UCM, faz muita diferença aqui. Os desertos empoeirados, as praias nubladas e as florestas tropicais exuberantes, parecem bem mais reais (porque de fato são) de maneira que os cenários em Chroma Key geralmente não parecem, com vistas elevadas, pores do sol belíssimos, emprestando uma tangibilidade aos acontecimentos mais fantásticos. O artifício de usar locações reais e iluminação natural, traz ao filme uma perspectiva nunca vista antes em qualquer filme da Marvel Studios, e uma fotografia digna de aplausos, tanto em planos fechados, quanto em planos mais abertos demonstrando escala de naves ou dos celestiais em relação aos eternos. Trabalho excelente da diretora Chloé Zhao.
As cenas de luta também são ótimas, e os efeitos especiais utilizados nos poderes dos eternos são únicos, a energia cósmica em forma de arabescos dourados são perfeitas na tela e funcionam muito bem. Além disso, temos uma trilha sonora, que pode até passar despercebida por alguns em alguns momentos, mas que são cruciais e bem utilizadas, tanto em momentos de tensão, ou simplesmente em momentos em que um celestial aparece para "conversar". Nota máxima também para os efeitos sonoros, que foram desenvolvidos pela LucasFilm, foi sensacional ouvir vários timbres diferentes para cada poder específico de um dos cada personagens. O soco cósmico de Gilgamesh que o diga, fez tremer todos os graves e subs da sala, muito empolgante!
Uma coisa temos que falar, Eternos também é de longe o filme mais diversificado da Marvel, que depois de mais de uma década do estúdio, podemos dizer que é uma conquista muito importante. É legitimamente revigorante ver uma gama mais ampla de atores na tela, e ver o cuidado da diretora em trazer pela primeira vez uma cena de sexo , e mostrar o primeiro super-herói gay no Universo Cinematográfico Marvel de forma tão natural e precisa, mostrando o cuidado e amor do Eterno Phastos (Brian Tyree Henry) por sua família diante do fim do mundo. Embora algumas críticas e alguns países façam questão de rebaixar este filme por este motivo, e por uma cena específica de um beijo gay, isto não tira de forma nenhuma o brilho da narrativa e o mérito do filme, tudo foi absolutamente natural e nada forçado como alguns portais estão falando por aí.
A aparição de um dos celestiais é tão magnifica, que absolutamente tudo que você já viu no UCM se torna insignificante, diante e tanto poder, de tanta grandeza e imponência. Por outro lado, o líder dos Deviantes tem um arco que poderia ser mais bem utilizado, deixando-o como um sub-vilão escanteado, aparecendo apenas como distração para o verdadeiro inimigo finalmente aparecer no terceiro ato. E que plot twist meus amigos! De cair o queixo! E pra deixar qualquer fã dos eternos nos quadrinhos com a cabeça explodindo.
No final das contas, o objetivo elevado do filme de ser um mito da criação para o universo da Marvel tem potencial, mas é demais para se espremer nas restrições de um filme de super-herói moderno. Não adianta ver de onde esses heróis vieram se não temos tempo suficiente para nos preocupar com quem eles realmente são.
O filme conta com duas cenas pós-créditos super importantes. Uma pra expandir ainda mais o universo cósmico, mostrando que este filme foi apenas a ponta do iceberg. Já a segunda nos apresenta um novo personagem, bastante interessante por sinal, deixando claro que teremos sua participação nos próximos filmes do UCM.
Excelente direção, fotografia de encher os olhos, efeitos especiais incríveis e uma narrativa que apesar de lenta em alguns momentos, cumpre o que promete, nos apresentando a estes seres cósmicos super poderosos, expandindo ainda mais o Universo Cinematográfico Marvel para outro nível.
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