Quem diria que veríamos em pleno século XXI a assustadora ligação da Disney com leis anti-LGBT, justamente ela que é queridinha de muitas pessoas LGBTs que tiveram sua infância registrada nos clássicos, séries, e além de ter descoberto muitos artistas que hoje em dia levantam a bandeira colorida, buscando igualdade. Apesar dos avanços da empresa em desmistificar nos seus filmes atuais o tema de gênero de forma sutil, o balde de agua fria foi jogado no publico pelo CEO da empresa. Vamos entender o que está acontecendo abaixo:
A empresa multimilionária Disney vive "tempos sombrios", isso porque foi revelado nesta semana que a companhia financiou parlamentares que apoiaram projeto de lei, apelidada por ativistas como “Don’t Say Gay” ("Não diga Gay", em tradução livre), criado por políticos conservadores da Flórida. Mas, o que significa essa lei e o que de que forma ela pode afetar a comunidade LGBTQIA+?
O Projeto de Lei SB 1834 Parental Rights in Education ("Direitos Parentais em Educação", em livre tradução), foi aprovado pela Câmara dos Representantes da Flórida em 24 de Fevereiro. Na terça-feira (8), o PL foi aprovado com 22 votos a favor e 17 contra. Ele tem o objetivo de proibir o ensino sobre orientação sexual e identidade de gênero nas salas de aula. Agora, o polêmico projeto de lei foi enviado à mesa do governador republicano Ron DeSantis, que se manifestou em seu apoio à medida.
Confira o que compete a lei:
"Exigir que os conselhos escolares distritais adotem procedimentos que estejam de acordo com certas disposições da lei para notificar os pais de um aluno sobre informações específicas; exigir que tais procedimentos reforcem o direito fundamental dos pais de tomar decisões sobre a educação e o controle de seus filhos de maneira específica; proibir um distrito escolar de adotar procedimentos ou formulários de apoio ao aluno que exijam que o pessoal do distrito escolar retenha de um pai informações especificadas ou que encorajem ou tenham o efeito de encorajar um aluno a reter tais informações de um pai; proibir um distrito escolar de incentivar a discussão em sala de aula sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas séries primárias ou de uma maneira específica"Lei SB 1834 Parental Rights in Education
A parte que mais chamou a atenção dos ativistas e aliados da comunidade LGBTQIA+ são os trechos que podem dar o direito das escolas não terem aulas sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas séries primárias ou de uma maneira específica. Além disso, o texto vai além: garantindo que pais possam processar escolas ou professores que abordem esses temas, e que qualquer professor que "identifique" alunos como LGBTQIA+ ou falem diretamente com seus responsáveis sobre o assunto.
É a partir disso que surgiu o apelido “Não Diga Gay”, porque a lei impediria que as temáticas de sexualidade ou gênero sejam abordadas nas escolas. Se aprovado pelo governador, o texto entraria em vigor no estado da Flórida em 1 de julho deste ano. A medida foi duramente criticada por membros ativistas da comunidade LGBTQIA + e também pelo próprio presidente norte-americano.
Repercussão negativa
Além disso, as críticas se intensificaram quando foi revelado que várias empresas de entretenimento, entre elas a Disney, financiaram o projeto. Vale lembrar que a Disney tem um grande público na Flórida, já que existem vários parques temáticos na cidade de Orlando. Tudo isso somado terminou com cartas de vários estúdios ligados à Disney como Pixar e Disney Animation revelando “boicotes” a histórias e personagens LGBTQIA+ em filmes.
A comoção foi enorme e resultou em uma declaração do CEO da gigante do Mickey, Bob Chapek, pedindo desculpas e uma doação de U$$ 5 milhões para organizações LGBTQIA+, inclusive a tradicional instituição HRC (Campanha de Direitos Humanos, em português).
A HRC chegou a rejeitar o dinheiro e afirmou que a recusa permaneceria até que eles vejam a Disney “construir seu compromisso público”. Já os funcionários da Disney repudiaram as ações. “Embora querer doar para a HRC seja um passo na direção correta, a reunião de acionistas deixou claro que isso não é suficiente. A Disney não assumiu uma posição dura em apoio à comunidade LGBTQIA+, mas tentou se manter bem com 'ambos os lados'. Isso não é o que significa ‘apoiar inequivocamente nossos funcionários, suas famílias e suas comunidades’, como dito no memorando de segunda”, escreveram em nova carta publicada após a reunião.
“Se a Disney for verdadeira em seus valores, tomará uma posição pública decisiva contra a legislação discriminatória que ocorre na Flórida e oferecerá apoio tangível às comunidades LGBTQIA+ afetadas pela legislação preconceituosa que varre o país”, acrescentaram.
Confira o pedido de desculpas de Bob Chapek:
“Aos meus caros colegas, mas especialmente à nossa comunidade LGBTQ+, Obrigado a todos que vieram a mim compartilhando sua dor, frustração e tristeza em relação à resposta da empresa ao projeto “Don’t Say Gay”. Falar com vocês, ler suas mensagens e me encontrar com vocês me ajudou a entender melhor o quão doloroso nosso silêncio foi. Está claro que isso não é uma questão apenas sobre um projeto de lei na Flórida, e sim outro desafio aos direitos humanos básicos. Vocês precisavam que eu fosse um aliado mais forte na luta por direitos iguais e eu os decepcionei. Sinto muito. Nossos empregados vêem o poder dessa grande empresa como uma oportunidade de fazer o bem. Eu concordo. Sim, nós precisamos usar nossa influência para promover esse bem ao contar histórias inclusivas, mas também nos posicionando pelos direitos de todos. Começando imediatamente, estamos aumentando nosso apoio a grupos de advocacia para combater legislações semelhantes em outros estados. Nós estamos trabalhando duro para criar uma nova base para nossas doações políticas que garantirá que defendemos o que representa melhor nossos valores. E hoje estamos pausando todas as doações políticas no estado da Flórida até essa revisão. Mas, eu sei que há muito mais trabalho a ser feito. Estou comprometido com esse trabalho e com todos vocês, e vou continuar a interagir com a comunidade LGBTQ+ para que possa me tornar um aliado melhor. Vocês ouvirão mais sobre nosso progresso nas próximas semanas. Eu realmente acredito que nós somos uma empresa infinitamente melhor e mais forte por causa de nossa comunidade LGBTQ+. Perdi o ponto neste caso, mas sou um aliado com quem podem contar – e serei um campeão vocal para as proteções, visibilidade e oportunidades que vocês merecem.”
Com exclusividade a redatora do The Wrap, Sharon Waxman, chegou a conversar com um dos ex-executivos da empresa que não quis ser identificado e o mesmo demonstrou total descontentamento com a atitude do CEO da Disney. No seu blog ela escreveu:
"Os erros que levaram o CEO da Disney, Bob Chapek, a se desculpar com seus funcionários na sexta-feira e a se retirar publicamente das contribuições políticas na Flórida sobre a legislação anti-LGBTQ fizeram com que tanto os membros de Hollywood quanto da Disney se perguntassem se seu estilo de liderança de cima para baixo colocou o novo líder fora do poder. contato com a vasta gama de sensibilidades culturais em seu império de negócios. "
"É 100% uma ferida auto-infligida", disse um ex-executivo da Disney que não quis ser identificado, mas confessou estar "bravo" com o desenrolar do problema. Chapek está “perdendo tudo – esqueça se ele se importa com o assunto. Ele não entende todos os seus eleitores, a empresa que ele supostamente dirige.”
Pelo visto, essa história ainda vai dar o que falar. O que nós esperamos é que exista bom senso e que todas as pessoas sejam respeitadas e representadas. Fique ligado no Bang para se manter atualizado sobre essa e mais noticias no mundo do cinema.
Fontes: Correio Braziliense , The Wrap
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