top of page

Coringa: Delírio A Dois | Crítica sem spoilers



"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". Essa é uma reflexão comumente associada a Friedrich Nietzsche e que pode explicar bem muitas cenas do filme Coringa: Delírio A Dois (Joker: Folie à Deux). Apesar das baixas expectativas ao assistir a essa nova produção, me surpreendi positivamente com bastante coisa apresentada, que o fez ser tão bom quanto o primeiro em alguns quesitos.



O longa-metragem é uma continuação que se passa dois anos após os acontecimentos de Coringa (2019) e ambos foram dirigidos por Todd Phillips, que também roteirizou as produções ao lado de Scott Silver e Bob Kane. Em relação a direção, Todd fez um excelente trabalho, não há o que questionar. A composição da história foi muito bem montada, em um equilíbrio perfeito ao lado de Lawrence Sher, diretor de fotografia onde o uso de luz e cores ilustravam bem tanto as sequências de musical quanto as demais cenas.


Nas cenas de musical, a fotografia é a melhor coisa, onde Artur Fleck, interpretado por Joaquin Phoenix, expressa seus sentimentos e compartilha suas vontades, mas as sequências musicais que se destacam de fato são quando Artur e Lee Quinzel (Lady Gaga) contracenam lado a lado. Vemos uma mistura de burlesque e um pouco de jazz e é aqui que Lawrence cria o ambiente perfeito com luz e sombras para fazer um show. Inclusive, são esses momentos que afloram a química dos protagonistas, pois tanto Artur quanto Lee compartilham da mesma loucura, afinal, foi dito pelo próprio Todd Phillips que as cenas de música seriam um delírio dos dois, daí o título do longa.



Em termos técnicos, o longa-metragem é muito bom. Não somente no quesito em direção e cinematografia, mas acho válido elogiar o trabalho da compositora islandesa Hildur Guðnadóttir. Assim como neste filme, ela também compôs a trilha do primeiro, onde ela, mais uma vez, usou instrumentos de cordas, como o violoncelo, para moldar as cenas mais pesadas e dramáticas. Esse é o estilo dela, que além de Coringa, também participou da minissérie Chernobyl, sempre usando tons graves para ambientar o espectador a um momento tenso e de incômodo. Em vista disso, Hildur manteve o nível de tensão nas cenas que não eram musicais, pois a todo instante se pairava a pergunta "O que irá acontecer com Artur Fleck?" e, assim, ela pôde criar a dúvida no espectador até o fim.



Mas então, é necessário falar sobre o roteiro, que, de modo geral, eu gostei, porém devo dizer que, para aqueles que esperam algo mais próximo do Coringa dos quadrinhos, certamente não vai gostar da história. Na verdade, isso já fica claro no filme anterior, pois é um Coringa bem diferente do que já vimos ser interpretado tanto por Heath Ledger em Cavaleiro das Trevas (2008), quanto por Jack Nicholson em Batman (1989). Ao invés de ser um grande vilão lunático e imprevisível, Joaquin vive um Coringa que se torna um símbolo para aqueles que vivem marginalizados na sociedade.


Portanto, fica claro que, ainda que a história se passe em Gotham e vejamos esse personagem, que é um vilão tão conhecido mundialmente, o Coringa criado por Todd Phillips é mais uma ideia personificada sobre a rebeldia e ódio e acompanhamos esse mesmo homem lidar com suas consequências e como ele inspirou alguém a querer viver tão insanamente quanto ele.



De forma direta, posso dizer que a equipe de roteiristas construiu bem o ritmo entre os atos, introduzindo Lee, além de outros personagens secundários de menor relevância, que não chamam muita atenção. Já em relação as cenas de musical, aí que o filme perde seu valor, pois há momentos que encaixa muito bem na história, mesmo em um filme tão dramático quanto este, porém há outros que destoam demais da história, tirando até mesmo o peso emocional criado na cena anterior e isso realmente empobrece o roteiro.


Até que fez sentido ter essas cenas de música, como mencionado anteriormente que eram os delírios dos protagonistas, pois isso já foi visto em duas cenas no primeiro filme, quando Artur dança no banheiro e nas escadas. Porém, esses dois momentos funcionaram bem porque foram pontuais na história, o que é diferente de Coringa: Delírio A Dois, onde foram poucas as vezes que foram boas e a maioria atrapalhou demais o filme. Definitivamente, ele seria bem melhor se não fosse um musical.



Para encerrar, Joaquin Phoenix mais uma vez se mostrou um excelente ator, que não apenas se dedicou a manter um físico muito abaixo do peso, bem como moldava Artur de modo certeiro quando ele estava frágil e abandonado, além de mostrar uma ótima presença, captando a atenção para si quando víamos o Coringa. Já Lady Gaga também fez muito bem seu papel que, apesar de não roubar as cenas como seu colega, ela mostrou saber que também sabe atuar, interpretando uma mulher que procurava por alguém para se inspirar e que queria libertar seu homem.


Recomendo assistir o filme com mente aberta sobre ser um musical, pois mesmo desfavorecendo muitas vezes, o trabalho de Lawrence na fotografia melhora as cenas. E, mais uma vez, lembro que esse não é um Coringa dos quadrinhos, porém não quer dizer que deixa de ser um bom personagem.




Siga nossas redes sociais e inscreva-se em nosso Canal no Youtube!

0 comentário

PARCEIROS

img cinema cinesystem
veloo-logo_edited_edited_edited
home vr logo
tela2Parceria_edited
tatuariaAlagoana.png
gazetanews.png
DTel_edited.png
ik3d_edited.png

2024 - Bang Company © - Todos os direitos reservados

  • YouTube - Canal Bang
  • Facebook - Canal Bang
  • Instagram - Grey Circle
  • Twitter - Canal Bang
bottom of page