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Cobra Kai 3ª temporada | Crítica



É fácil dizer que Cobra Kai é um nobre acerto, porque realmente é. A terceira temporada da série derivada dos filmes Karate Kid dos anos 80, foi inicialmente produzida para o agora extinto serviço premium YouTube Red, e posteriormente adquirida pela Netflix , onde se tornou um fenômeno de boca a boca, caindo bem no gosto do público. Seus episódios que duram em média 30 minutos são em parte mini-filmes de ação, em parte sitcom, em parte comédia dramática colegial, tudo feito em um estilo kitsch e autoconsciente, como se tivesse sido filmado há 30 anos, ao mesmo tempo em que incorporam cenas reais dos filmes clássicos dos anos 80 (Imagine O Mandaloriano cortando repentinamente para uma cena de Star Wars: O Império Contra-Ataca para ilustrar algum determinado ponto da trama). E a série é estrelada por dois cinquentões: William Zabka e Ralph Macchio, que voltam tanto para reprisar seus papéis da franquia dos filmes originais, quanto para mostrar suas "habilidades" nas artes marciais. Graças aos brilhantes dublês, claro.




Esta série é tão incrível que algumas vezes, em algumas cenas, brinca fazendo comentários sobre si mesma. Na estreia da 3ª temporada, por exemplo, quando o West Valley High PTA está debatendo se deve banir o Karatê após a briga no final da 2ª temporada, o personagem Daniel LaRusso (Ralph Macchio), diz: “Não precisa transformar isso em um Footloose de Karatê ". Então, quando Daniel decide se juntar ao rival de longa data Johnny Lawrence (William Zabka) para encontrar o filho afastado de Johnny, eles começam a falar alguns clichês de filmes policiais, e a reação da esposa de Daniel, Amanda (Courtney Henggeler), é bem categórica quando Johnny comenta: “Tango e Cash eram detetives de narcóticos”, fazendo referência ao filme policial estrelado por Kurt Russell e Sylvester Stallone.



De alguma forma, esse papo furado auto-referencial inteligente nunca parece presunçoso, principalmente porque a gente se importa com esses personagens. O conflito entre os tiozões lutadores de Karatê se baseia na força dos atores, e a ênfase desta vez está tanto no estúpido Johnny quanto no puritano LaRusso. A relação mestre/aluno em Cobra Kai, é projetada para ecoar aquela entre Daniel e o Sr. Miyagi vista em Karate Kid, desta vez é a de Johnny e seu vizinho adolescente intimidado, Miguel (Xolo Maridueña). Quando o personagem Miguel acaba no hospital, possivelmente paralisado, as tentativas hilariantes e desesperadas de Johnny de ajudar em sua recuperação incluem atear fogo em suas pernas e levá-lo a um show de heavy metal de Dee Snider do Twisted Sister, mestre legal é um desse não acham?



A terceira temporada de Cobra Kai ainda encontra algumas dificuldades mas ao mesmo tempo fornece muito mais oportunidades em tela para o personagem Daniel LaRusso de Macchio fazer, especialmente quando ele visita o Japão, o que se transforma em uma desculpa para calçar mais participações especiais do elenco original de Karate Kid . É super nostálgico e comovente assistir esses atores tendo essa chance inesperada de reviver momentos dourados de suas carreiras, visivelmente encantados por estarem reprisando seus papéis ao longo de três décadas desde que os vimos pela última vez. E é aqui que a sacada da série em incorporar cenas dos filmes clássicos funciona tão bem. As vinhetas são calorosamente nostálgicas, mas com um toque de humor bem sarcástico.


Cobra Kai é um ótimo exemplo de que um spin-off de uma antiga franquia de filmes pode dar super certo expandindo ainda mais a história, e você nem precisa ser um fã de Karate Kid para se divertir.





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